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A FEIRA DE TODOS OS SANTOS

Todos os anos, no período especialmente dedicado à mesma – 31 de Outubro a 2 de Novembro – realiza-se, em Silves, a tradicional “Feira de Todos os Santos”.
As feiras, uma das mais curiosas instituições mercantis do período medieval, caracterizavam-se pela localização, em prazos e termos determinados, de vendedores, compradores e distribuidores, obviando, deste modo, as dificuldades de comunicação e trocas de produtos.
Quase todas realizavam-se em épocas relacionadas com festas da Igreja – ( Silves não foge à regra, já que a sua feira coincide com o dia de “Todos os Santos”, ou seja, 1 de Novembro, e daí, também o seu nome ).
Na evolução das feiras medievais portuguesas há, todavia, que considerar duas fases distintas: a primeira, de formação, que decorre até meados do séc. XIII; a segunda, de implementação e vigor, que se alonga para além do reinado de D. Afonso V.
Nesta segunda fase, que se inicia com D. Afonso III, multiplica-se o número de feiras e amplia-se privilégios concedidos aos feirantes, caso da isenção do pagamento de direitos fiscais ( portagens e costumagens ), passando as mesmas a chamar-se feiras francas, generalizadas a partir de D. João I.
O monarca, ao fomentar, através das feiras, o comércio interno, teve a preocupação, não só, graças a elas, de aumentar e fixar as populações, como, e, sobretudo, engrandecer os réditos da Coroa.
Durante os reinados de D. João II e D. Manuel, são numerosas as cartas que ainda confirmam os privilégios de feiras anteriormente estabelecidas, mas, a partir deste último – devido à expansão portuguesa e, consequentemente, à concentração do comércio nas cidades/portos do litoral – as feiras entram numa fase de verdadeira decadência, se bem que, pontualmente, no séc. XVIII, haja notícia de instituição de feiras que, como sabemos, ainda hoje subsistem.
No que concerne à Feira de Todos os Santos, em Silves, não existem, de facto, dados históricos concretos quanto à sua origem, havendo, no entanto, a possibilidade de relacioná-la com a prática comum estabelecida em território português, após a reconquista, e, com a carta de foral, mas não carta de feira, concedida por D. Afonso III, em 1266, a Silves, à semelhança de Lisboa.
Ao fazermos, porém, tal destrinça – carta de foral e carta de feira – reportamo-nos ao facto de, à época, a feira aparecer-nos como um privilégio concedido nos forais. É, no entanto, a carta de feira que constitui o diploma, por excelência, da sua definição, sem qualquer relação com o tipo de foral da cidade ou vila que o recebe.
A documentação mais recente relativa à Feira de Todos os Santos, em Silves, data do séc. XV, referindo uma feira com a duração de trinta dias.
Posteriormente, em 1924, num artigo publicado em a “Voz do Sul”, intitulado “Silves no Passado e no Presente”, João Suave menciona, então, a sua localização: “… a rua de Nª Srª dos Mártires tinha como limites, a poente, o Largo de Serpa Pinto, e a nascente, o antigo Largo do Poço dos Mártires. Os seus terrenos marginais eram destinados à Feira de Todos os Santos…”